quinta-feira, 17 de julho de 2008

A Literatura Jesuitica e o Pe. Anchieta


A título de catequizar o "gentio"e , mais tarde , a serviço da Contra-Reforma Católica , os jesuítas logo cedo se fizeram presentes em terras brasileiras . Marcaram essa presença não só pelo trabalho de aculturação indígena , mas também através da produção literária , constituída de poesias de fundamentação religiosa , intelectualmente despojadas , simples no vocabulário fácil e ingênuo.
Também através do teatro , catequizador e por isso mesmo pedagógico , os jesuítas realizaram seu trabalho . As peças , escritas em medida velha , mesclam dogmas católicos com usos indígenas para que , gradativamente , verdades cristãs fossem sendo inseridas e assimiladas pelos índios . O autor mais importante dessa atividade é o Padre José de Anchieta . Além de autor dramático , foi também poeta e pesquisador da cultura indígena , chegando a escrever um dicionário da língua tupi-guarani .
Em suas peças , Anchieta explorava o tema religioso , quase sempre opondo os demônios indígenas , que colocavam as aldeias em perigo , aos santos católicos , que vinham salvá-las . Vejamos um trecho de uma de suas peças mais conhecidas , o Autor de São Lourenço .
Durante o século XVI a literatura portuguesa se espelhava nos clássicos: Virgílio, Homero; no Brasil não haviam sequer muitas pessoas que soubessem ler. A maioria das obras escritas no Brasil na época não foram feitas por brasileiros, mas sobre o Brasil por visitantes. Elas são chamadas Literatura de Informação. Apenas dois autores da época podem ser considerados autores brasileiros: Bento Teixeira, o primeiro poeta do Brasil, e José de Anchieta, iniciador do teatro barsileiro.

Anchieta produziu poemas liricos, cartas, sermoes teatro(autos) e uma gramatica da lingua tupi. Seus autos lembram a tradicao medieval de Gil Vicente e sao feitos para tornar mais vivos aos olhos do indio os valores e ideais catolicos. Na sua poesia, destaca-se A Santa Ines , escrita para a chegada da estatua de santa Ines. A seguir, o poema...



Cordeirinha linda,

como folga o povo

porque vossa vinda

lhe dá lume novo!


Cordeirinha santa,

de Iesu querida,

Vossa santa vinda

o diabo espanta.


Por isso vos canta,

com prazer, o povo,

porque vossa vinda

lhe dá lume novo.


Nossa culpa escura

fugirá depressa,

pois vossa cabeça

vem com luz tão pura.


Vossa formosura

honra é do povo,

porque vossa vinda

lhe dá lume novo.


O poema fala do confronto entre o bem e o mal com bastante simplicidade. A chegada de Santa Ines espanta o diabo e, gracas a ela o povo revigora a sua fe. Os versos de 5 silabas(redondilhas menor) dao ritmo ligeiro ao texto, retomando a metrica das cantigas medievais. A liguagem e clara, as ideias sao facilmente compreensiveis e o ritmo faz com que os versos tenham musicabilidade, ajudando o poeta a envolver o ouvinte e a sensibiliza-lo para a sua mensagem religiosa.

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